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DISCIPLINA, CONTROLE SOCIAL E EDUCAÇÃO ESCOLAR: UM BREVE ESTUDO À LUZ DO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/levs/article/viewFile/1674/1422



O SISTEMA EDUCACIONAL FRENTE À DISCIPLINA E O CONTROLE.

Resenha acerca do poder disciplinador  utlizando como estudo de caso as instituições eduacionais. O teórico utilizado será Michel Foucault através das obras "Vigiar e Punir" e "Microfísica do poder".






MANSIDÃO, AFABILIDADE E DOÇURA NAS RELAÇÕES HUMANAS: O RESGATE NECESSÁRIO A PARTIR DAS INSTITUIÇÕES
João Beauclair
                      
Resenha por Noe Assunção
Em um primeiro momento, refletindo sobre as palavras chaves do artigo em voga, nos faz pensar na emergência das mesmas no universo escolar e ao mesmo tempo nos causa um estranhamento em conectá-las com as relações interpessoais dos atores envolvidos nas instituições educacionais. Lançar mão de ter mansidão, ser afável e dócil de forma prática nas instituições chega a ser contraditório na medida em que apesar de constituírem em necessidades emergentes nas relações interpessoais e de trabalho, não tem sido a pauta principal nos encontros pedagógicos, reuniões, congressos, capacitações e etc. Para Beauclair, os indivíduos inseridos nestas instituições ou organizações deverão se colocar para além dessa realidade e buscar desenvolver dentro das suas possibilidades e contextos sociais um olhar especial sobre novas formas de relacionamento, habilidades na comunicação e principalmente entender o outro ou outra como um indivíduo especial, único com características pessoais, adquiridas socialmente ou geneticamente. Torna-se necessária uma releitura crítica da prática educacional vigente, lançando um olhar  sobre as visões de mundo e das coisas pelos indivíduos, o entendimento e respeito aos novos modelos de arranjos familiares, à diversidade e também uma abordagem, reflexão concisa sobre o conceito de cidadania e tantos outros fenômenos sociais e culturais surgidos e que irão surgir  ao longo dos séculos XX e XXI .
Beauclair enfatiza que uma possibilidade para uma educação global faz oportuno pensar os indivíduos como únicos, porém conectados e interligados a tantos outros num contexto social com uma dinâmica específica em constante movimento apresentando mudanças, continuidades e permanências de paradigmas. Para discorrer sobre o tema principal do artigo, Beauclair, estabelece algumas palavras (realidade, poder, vontade e desejo) que irão auxiliá-lo nas reflexões e abordagens sobre o problema apresentado -  Mansidão, afabilidade e doçura nas relações humanas: o resgate necessário a partir das instituições.
REALIDADE
Para Beauclair, ao falar em “realidade” é também refletir sobre o contexto social de um determinado grupo social, é ter consciência de onde estamos, como estamos e com quem estamos e que o processo de busca pela mansidão, afabilidade e doçura nas relações humanas deve ser vista sob a ótica também dos fenômenos sociais que perpassam pelas complexas relações sociais entre indivíduo e sociedade tais como: herança cultural, histórica e familiar, ideologias dominantes, mídia de massa e  tantas outras diferentes formas de ver e viver mundo.
No universo escolar essa pluralidade da realidade é nítida na medida em que se estrutura como lócus de uma diversidade e variedade de indivíduos com suas particularidades e contextos sociais diferentes, convivendo em um mesmo espaço físico. A percepção dessa realidade pelos atores envolvidos nessa dinâmica devem ser por uma educação formal ( formação do indivíduo), mas também  que possa sugerir reflexões e ações sobre atitudes realmente significativas que envolvem esse espaço de vivência (escola).
PODER
Na fala de Beauclair, “poder” está relacionado à iniciativa individual em buscar novos olhares e perspectivas sobre um mesmo problema ou objeto, entender e considerar as várias interpretações e variações da realidade ou contexto social de um determinado grupo; é não se conformar com regras engessadas, pré estabelecidas e entendendo que a sociedade é mutável, constituída de permanências, continuidades e transformações e que esses fenômenos devem ser vistos como importantes elementos para que as nossas reflexões, percepções e ideologias sigam paralelas a esses movimentos de forma crítica.
“Poder” se une à vontade de fazer, ou seja não se conformar com uma determinada situação e buscar através do conhecimento, experiência e vivência para algo novo, mesmo que inserida num universo maior parecendo “não possível”, ainda assim é importante pensarmos que existem novas possibilidades, novos caminhos, um “futuro”.
Paralelo ao poder individual citado pelo autor (vontade de fazer) nos deparamos cotidianamente nas escolas com a “hierarquia de poder”, instituições que limitam a sua dinâmica e direção numa hierarquia de autoridade, onde secretários (as), diretores (as), supervisores (as) e professores (as), não se entendem, transformando-se em lugares regidos por um aglomerado de teorias e práticas pedagógicas que muitas vezes não se enquadram na realidade social da instituição. Mesmo entendendo que as hierarquias existam e estão presentes no universo escolar a outra vertente de “poder” citada pelo autor enquanto iniciativa individual, a vontade de fazer, deverá estar forte nos profissionais da educação conscientes e críticos. É claro que esse movimento baseado na criticidade e no “não conformismo” deve ter um embasamento teórico consistente e bem planejado para que as argumentações e atitudes não se percam ou permaneçam no mundo metafísico das idéias.
VONTADE
Para Beuclair, a “vontade” deve estar para além de algo que vai dá e passar, deve ser uma sensação na busca da concretização de um desejo, de algo que se busca, é decidir de forma crítica, prática e objetiva um plano de ação, bem pensado e planejado. Os projetos e desejos só terão “corpo” se  saírem dos papeis e  se  acumularmos a vontade de fazer para concretizá-los. A vontade se estrutura em elemento fundamental para agirmos e intercedermos sobre algo, mas também pensar na “vontade” enquanto subsídio para estar aberto à vontade de aprender, mudar de opiniões, aceitação de idéias que sejam diferentes das nossas próprias, mas que possam beneficiar o coletivo.
A “vontade” deve rever conceitos, ordens, normatizações engessadas no sistema escolar tão comum e predominante, principalmente entender o universo escolar como instituição sempre em movimento, constituído de elementos complexos e  indivíduos plurais com características particulares inseridos em um determinado contexto social, diferentes de outros indivíduos..
DESEJO
É através da complexidade que envolve o contexto social (realidade) que se evidencia o “desejar” do indivíduo. O desejo antecede a vontade, ou seja é o momento do indivíduo conhecer, entender e participar de uma dinâmica social, sentir que é necessária uma mudança e através da vontade sair do plano das idéias (desejos) e entrar para o plano das ações e práticas.
As palavras escolhidas por Beauclair, para auxiliá-lo na argumentação do seu texto (realidade, poder, vontade e desejo), com exceção da “realidade” no qual o mesmo conecta com o contexto social e sociedade, as outras palavras transitam pelo caráter metafísico, circulam pelo mundo das idéias e não pelo concreto, abrindo uma gama de discussões e enfoques diferentes dos leitores.
A discussão de Beauclair sobre a possibilidade da inserção da docilidade, mansidão e afabilidade nas relações interpessoais, principalmente nas instituições escolares, pode parecer ufanista ou utópica, quando nos deparamos diariamente com tantos conflitos nesses lugares de  convivência e relacionamento, porém torna-se necessária a emergência de uma revisão dos conceitos, práticas educativas e uma reavaliação crítica do atual panorama educacional. Tornar-se manso, afável e dócil pode se estruturar em elementos apaziguadores  dos conflitos inerentes das relações interpessoais, porém é inegável pensar que na contra mão desse argumento podemos destacar que em alguns momentos  são necessárias mudanças radicais e transformadoras, a emergência  de atitudes revolucionárias, quebra de paradigmas, atitudes claras, objetivas e permeadas de uma criticidade concisa.
Quando Beauclair discorre em seu artigo a necessidade do resgate da afabilidade, mansidão e doçura a partir das instituições educacionais faz necessário pensar que a escola faz parte da sociedade, está inserida na mesma e sujeita as suas mudanças, transformações e permanências, dessa maneira a escola com o seu caráter etéreo, não está acima do bem e do mal, ela convive  com os problemas da sociedade e não é redentora da mesma e não vai transformá-la isoladamente, ela caminha junto com a sociedade.
Buscar afabilidade, mansidão e doçura nas relações interpessoais a partir das instituições educacionais é importante tanto quanto buscar as causas dos conflitos, como os indivíduos estão aprendendo a conviver com os seus dilemas e inquietações e perceber que não é possível resolver os conflitos sociais apenas no interior das escolas, devendo se estender para todo o contexto social ( sociedade).
REFERÊNCIA
BEAUCLAIR,  José. Mansidão, afabilidade e doçura nas relações humanas: o resgate necessário a partir das instituições.

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